Ah, poeta!
Derruba o muro frente à tua janela
Põe ao chão e olha o que te espera
Quebra e põe fim a imensidão escura
Ah, poeta!
Sente o perfume que perpetua em teus dedos
Olha pro lume e mata teus medos
Segue o silêncio e os cadentes vaga-lumes
Ah, poeta!
Solta a alma que te mostra um rumo
Nas noites insones não percas o prumo
Deixa que o vento te leve ao céu
Ah, poeta!
Ser profano que vaga na solidão
Abre teus olhos e veja o chão
Afoga teus medos aflora o coração
Ah, poeta!
Os anjos caídos aqui não moram
E os deuses solitários de ti se enamoram
Cuidando que a pena não bata em ti
Ah, poeta!
Os olhares das frestas nas noites sem lua
De olhos que minguam e secam a rua
Não passam de olhos nem chegam aqui
Ah, poeta!
Sê fiel ao que és
E leva o coração no ir e vir qual marés
Mas viva hoje, agora, o que esta aos teus pés